sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Musametáfora

Sob seus óculos escuros busco
A metáfora para o voo cego,
Para as asas surdas,
Para o limite sólido.

Na bruma que lhe envolve tento ver
Onde foi que a linha torta se partiu
Deixando-a tão antes e depois
Que sob o sol de outono de Paris
Nenhuma luz reflete sua tez.

Nas linhas e entrelinhas tento ler
Os recados cifrados, escondidos,
Que a mim revelem todos os porquês,
Dissipem a neblina de sua alma
E demonstrem qual então o seu querer.

Suas doces lágrimas fazem refletir
Cenas que o Sena hora alguma quer fixar.
Fluem então em mediterrâneo navegar
Sem margem, marina ou porto
Onde possam em seguro atracar.

Olhar perdido em translúcido horizonte
Como aguardando um trem ao incerto destino
Espraia-se, musa, em inundação difusa.
Repete o salto de outros tantos ao infinito,
Fazendo razão do peito em desatino.

Sob seus óculos escuros busco
A metáfora para o voo cego,
Para as asas surdas,
Para o limite sólido.

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