sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Musametáfora

Sob seus óculos escuros busco
A metáfora para o voo cego,
Para as asas surdas,
Para o limite sólido.

Na bruma que lhe envolve tento ver
Onde foi que a linha torta se partiu
Deixando-a tão antes e depois
Que sob o sol de outono de Paris
Nenhuma luz reflete sua tez.

Nas linhas e entrelinhas tento ler
Os recados cifrados, escondidos,
Que a mim revelem todos os porquês,
Dissipem a neblina de sua alma
E demonstrem qual então o seu querer.

Suas doces lágrimas fazem refletir
Cenas que o Sena hora alguma quer fixar.
Fluem então em mediterrâneo navegar
Sem margem, marina ou porto
Onde possam em seguro atracar.

Olhar perdido em translúcido horizonte
Como aguardando um trem ao incerto destino
Espraia-se, musa, em inundação difusa.
Repete o salto de outros tantos ao infinito,
Fazendo razão do peito em desatino.

Sob seus óculos escuros busco
A metáfora para o voo cego,
Para as asas surdas,
Para o limite sólido.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Salve os 70

E agora, baby?
Nosso Woodstock não rolou!
Trocaram rock and roll por algo morto
Que se toca no rádio não me toca
Produz em mim espécie de aborto
E a sobra é só aquilo que me choca.


E agora, baby?
O nosso carnaval enfumaçou!
As nossas fantasias e avenidas
Rasgadas puseram blocos em disparada.
Ocultar-se virou regra desmedida
Prá quem não quis dar ao algoz a voz calada.


E agora, baby?
O sonho de Arembepe se esvaiu!
Nossa comunidade encolheu
Deixando-nos a sós com nossos eus
Buscando sobrevida em amplo breu
Fingindo a paz como quem se finge deus.

E agora, baby?
Nosso arco-íris se tingiu!
As sete cores numa só se transformaram.
O verde-oliva plúmbeo em cinza fez o céu
E a nossa poesia apagaram
Fazendo-a lápide em estranho mausoléu.


E agora, baby?
Nosso horizonte se turvou!
Disseram ame ou deixe o nosso chão
Não dando chance a outra opção.
Cortando muitas línguas e cabeças
Deixaram como herança um aleijão.


E agora, baby?
Vê de novo algo que alente?
Sente brisa ou chuva que refresque
Novos sonhos e nossa vida alimente?
Já cresce em nós o que nos livre d’outro ataque?
Ou, sozinhos, seguimos a tudo indiferentes?

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Pequena canção as sobreviventes

Dada a minha dificuldade em formatar meus textos por aqui, posto o link do Recanto das Letras, onde tenho publicado alguns poemas. http://www.recantodasletras.com.br/poesias/4083359