quarta-feira, 22 de junho de 2011

Carta do Professor Márcio Fazenda aos professores

Somente quando nos sensibilizamos tomamos atitude. A presente carta tem esta prerrogativa: nos toca fundo diante da necessidade de lutar para, no mínimo, garantir o que já é nosso. E, na tentativa de reproduzir essa sensibilização, posto a carta aqui neste espaço. Boa leitura e sensibilizem-se todos!

Incomoda-nos somente aquilo que precisa mudar

Caros colegas:

As condições atuais de trabalho não são satisfatórias nem saudáveis. Se já havia um desgaste em nosso ofício, pela energia dispensada, pela crescente falta de reconhecimento político-social, há agora muito mais, em que a educação é ranqueada e a competitividade é progressiva, sem os sorrisos de outrora, sem as amizades fortalecidas, sem o lúdico tão imprescindível no processo educacional. O que será de nós quando a Escola tornar-se, de fato, Empresa? Quando só valer o projeto e a atenção que grandes grupos derem a ele? Quando todo o ensino for técnico e os sentimentos ignorados? O que será de nós?

Não protestar porque já se protestou com insucesso não justifica a impassibilidade. O posicionamento não é o mesmo, porque a imposição é outra, renovada, silenciosa, corruptível. Imposição não norteia Educação, tampouco sufocamento por excesso de afazeres, muitos dos quais nem de alçada nossa são, como conexão "virtual" professor e suas notas.

A triste realidade é que não estamos conectados neste momento. E nunca mais estaremos com a vigência do Plano de Metas. Conclamemos os guerreiros do passado, os nossos modelos que nos inspiraram por sua firmeza e comprometimento. Será melhor parafrasear os velhos versos de Belchior "como Poe, poeta louco americano, que pergunta ao passarinho: Black Bird, o que se faz? No presente a mente, o corpo é diferente. E o passado é uma roupa que não nos serve mais"? Precisamos nos mesclar, nos misturar. Opinemos. Refinemos o discurso do movimento para que erros não sejam cometidos e não seja perdido o foco, a causa da manifestação, que é legítima e justa. Juntemo-nos aos jovens professores, para que estes não se envergonhem de nós. Render-se sem luta, aceitar sem questionamento, reduzir-se a números são desvalores sem precedentes. São problemas que precisam ser resolvidos através de manifestações com altas vozes, e não "sussurros pelos cantos". Diz a máxima que "todo problema tem jeito. O único irremediável é a morte". E nós não estamos mortos. Ou estamos?

Professor Márcio Fazenda

Valença, 16 de junho de 2011

Nenhum comentário:

Postar um comentário