E agora, baby?
Nosso Woodstock não rolou!
Trocaram rock and roll por algo morto
Que se toca no rádio não me toca
Produz em mim espécie de aborto
E a sobra é só aquilo que me choca.
E agora, baby?
O nosso carnaval enfumaçou!
As nossas fantasias e avenidas
Rasgadas puseram blocos em disparada.
Ocultar-se virou regra desmedida
Prá quem não quis dar ao algoz a voz calada.
E agora, baby?
O sonho de Arembepe se esvaiu!
Nossa comunidade encolheu
Deixando-nos a sós com nossos eus
Buscando sobrevida em amplo breu
Fingindo a paz como quem se finge deus.
E agora, baby?
Nosso arco-íris se tingiu!
As sete cores numa só se transformaram.
O verde-oliva plúmbeo em cinza fez o céu
E a nossa poesia apagaram
Fazendo-a lápide em estranho mausoléu.
E agora, baby?
Nosso horizonte se turvou!
Disseram ame ou deixe o nosso chão
Não dando chance a outra opção.
Cortando muitas línguas e cabeças
Deixaram como herança um aleijão.
E agora, baby?
Vê de novo algo que alente?
Sente brisa ou chuva que refresque
Novos sonhos e nossa vida alimente?
Já cresce em nós o que nos livre d’outro ataque?
Ou, sozinhos, seguimos a tudo indiferentes?
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