E o povo, diante de tudo o que lhe espanta, e sem saber construir frases de mais efeito, poderia usar a produção baianogilbertogiliana para expressar-se. No que, para nosso caso, o faria com bastante propriedade:
Punk da periferia (Gilberto Gil)
Punk da periferia – G Gil
Das feridas
Que a pobreza cria
Sou o pus
Sou o que de resto
Restaria aos urubus
Pus por isso mesmo
Este blusão carniça
Fiz no rosto
Este make-up pó caliça
Quis trazer assim
Nossa desgraça à luz...
Sou um punk da periferia
Sou da Freguesia do Ó
Ó! Ó Ó Ó Ó Ó Ó Ó!
Aqui prá vocês!
Sou da Freguesia...(2x)
Ter cabelo
Tipo índio moicano
Me apraz!
Saber que
Entraremos pelo cano
Satisfaz!
Vós tereis um padre
Prá rezar a missa
Dez minutos antes
De virar fumaça
Nós ocuparemos
A Praça da Paz...
Sou um punk da periferia
Sou da Freguesia do Ó
Ó! Ó Ó Ó Ó Ó Ó Ó!
Aqui prá vocês!
Sou da Freguesia...(2x)
Transo lixo
Curto porcaria
Tenho dó
Da esperança vã
Da minha tia
Da vovó
Esgotados
Os poderes da ciência
Esgotada
Toda a nossa paciência
Eis que esta cidade
É um esgoto só...
Sou um punk da periferia
Sou da Freguesia do Ó
Ó! Ó Ó Ó Ó Ó Ó Ó!
Aqui prá vocês!
Sou da Freguesia...
sexta-feira, 13 de agosto de 2010
Gregório de Matos numa análise fria da política atual
O século dezessete produziu, entre muitas coisas, críticas as mais diversas sobre os mais variados temas. Algumas delas sairam da boca do "Boca do Inferno", Gregório de Matos. E o mais incrível de algumas de suas obras é a similaridade com os dias atuais (Valença inclusive), o que pode ser percebido no poema abaixo.
Por consoantes que me deram forçados
Neste mundo é mais rico o que mais rapa;
quem mais limpo se faz, tem mais carepa;
com sua língua, ao nobre o vil decepa;
o velhaco maior sempre tem capa.
Mostra o patife da nobreza o mapa;
quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa;
quem menos falar pode, mais increpa;
quem dinheiro tiver, pode ser Papa.
A flor baixa se inculca por tulipa;
bengala hoje na mão, ontem garlopa;
mais isento se mostra o que mais chupa;
para a tropa do trapo vão a tripa,
e mais não digo; porque a Musa topa
em apa, em epa, em ipa, em opa, em upa.
Obs.: Este poema era, na verdade, uma resposta de Gregório de Matos a uma conversa travada entre Bernardo Vieira e o Padre Antônio Vieira através de textos poéticos também com teor crítico considerável.
Por consoantes que me deram forçados
Neste mundo é mais rico o que mais rapa;
quem mais limpo se faz, tem mais carepa;
com sua língua, ao nobre o vil decepa;
o velhaco maior sempre tem capa.
Mostra o patife da nobreza o mapa;
quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa;
quem menos falar pode, mais increpa;
quem dinheiro tiver, pode ser Papa.
A flor baixa se inculca por tulipa;
bengala hoje na mão, ontem garlopa;
mais isento se mostra o que mais chupa;
para a tropa do trapo vão a tripa,
e mais não digo; porque a Musa topa
em apa, em epa, em ipa, em opa, em upa.
Obs.: Este poema era, na verdade, uma resposta de Gregório de Matos a uma conversa travada entre Bernardo Vieira e o Padre Antônio Vieira através de textos poéticos também com teor crítico considerável.
terça-feira, 3 de agosto de 2010
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